Chocolate Amargo

Tuesday, August 22, 2006

Uma noite...

Silêncio, quarto vazio, luz apagada.
Presença inexistente, calor apagado de corpos colados,
Amor premente, olhos esgazeados com trejeitos de dor e prazer.
Terás partido?
A luz tende a aparecer,
O medo cresce e toma formas de saudade e desespero.
Nada!
Partiste, sem um beijo, sem um abraço, sem um sorriso, sem um compromisso a cumprir.
Temo!
Choro, um choro silencioso chamado solidão,
Solidão palpável, solidão maleável,
Solidão cortante que me fere o corpo e alma,
Que me enfraquece músculos e mente,
Que me empalidece o rosto e me deixa com uma esperança premente.
A esperança que me incentiva a viver, a respirar
A tentar olhar o novo dia, sem fracassos, sem embaraços,
Apenas tentado a rever os teus olhos, os teus lábios, o teu pescoço, o teu sexo!
Parto!
Desapareço sem te rever, vou em busca da felicidade,
Felicidade parca procurada em solidão, em fraco silêncio,
Apenas rasgada por gritos de prazer em noites fugidias,
Sem nunca a encontrar mas no entanto farto de tentar.
Morro!
Sem descendentes, sem precedentes, sem amores passados,
Sem paixões fugidias conhecidas no dia-a-dia.
Enquanto moribunda e fraca,
Jazo na cama fria e desconfortável,
Como o são todos os leitos da morte.
Revejo a minha vida, sem fracassos, sem temores,
Sem pobreza, sem riqueza, com amor porém sem ardor.
Revejo-te, miro-te como foste à tantos anos.
Anos de felicidade, minutos de paixão, séculos de solidão,
Presos no tempo, porém soltos em pensamento.
Quero-te, tenho-te, esqueço-te,
Talvez por esta ordem, não sei,
Mas evito este pensamento enquanto fecho os olhos,
Solto a alma do corpo, sinto o coração parar de bater,
Como à tantos anos passados,
Sinto a respiração prender, como quando te vi,
Sinto a mente afundar, como quando te possui,
Sinto o corpo gelar, como quando te perdi,
Sinto a esperança esvair, como quando morri.
Voltas!
Estou morta, choras,
Beijas-me a face e partes sem olhar mais para mim,
Lágrimas e um beijo,
Consolo fugidio de vida sofrida porém agradável,
No momento passadio encontrado nos teus braços.
Recordas-me, fotografia no móvel, do amado na cabeceira,
Vertes lágrimas sem ninguém olhar,
Sorrisos parecidos com esgar,
Amor morto é como um pássaro sem asas,
Existe mas não pode almejar voar.
Espero-te!
Uma noite…

7 Comments:

At 7:49 AM, Blogger Pouring said...

gostei muito, do desespero sufocante da saudade, das memórias enternecedoras, enfim... muito completo de emoções...

 
At 4:31 AM, Blogger Formiga Atómica said...

Thankssss
Devo confessar que desde que descobri o teu blog, tornou-se uma visita «obrigatória» (no bom sentido da palavra)...
Bj

 
At 5:07 PM, Blogger Autor said...

Tristemente lindo....

 
At 2:01 PM, Anonymous Anonymous said...

Muito bom!!! Eu já deixei de esperar...ou se calhar ainda espero, mas com a certeza de que em vão! Seja como for, é sempre bom ter essa esperança (às vezes é tudo o que nos resta...e as lembranças que nos aconchegam à noite).
bjs

 
At 7:12 AM, Blogger Formiga Atómica said...

Mocho ao luar...
Será? Por vezes, as coisas acontecem quando menos se espera...apesar de soar a cliché, ainda acredito!
Bj

 
At 2:47 PM, Anonymous Anonymous said...

Sim, sim, também concordo! quando menos esperamos, as melhores coisas podem-nos acontecer assim do nada.
Mas existem certas coisas que temos mesmo que nos conformar que nunca irão acontecer: seja porque perdemos a nossa oportunidade, seja porque as pessoas, a própria vida mudam, etc...(pelo menos é o meu ponto de vista - e acredita, não se aconselha que as pessoas tenham o meu ponto de vista!):P
bj

 
At 2:49 AM, Blogger Formiga Atómica said...

Mocho_ao_luar...

Sei do que falas...acabei de perder a minha oportunidade...daí este blog.
:)
Bj

 

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